domingo, 27 de fevereiro de 2011

Carta Branca à impunidade?

Após 42 anos, a ditadura militar brasileira permanece viva não apenas na lembrança, ou melhor, no pesadelo dos que sobreviveram aos anos de chumbo, como sobretudo, na herança cravada à ferro na mentalidade estagnada do povo e na postura "burrocrática" das instituições brasileiras. Enquanto a Argentina e outros países cortam a própria carne para consolidar uma justiça histórica, no Brasil insiste-se em jogar para debaixo do tapete todos os horrores e atrocidades cometidos no tempo da ditadura, com o disconcertante e inaceitáves argumeto de anistia mútua. É óbvio que em um momento de conciliação tão difícil, faz-se necessário ceder alguns pontos e impor outros, como em qualquer negociação. Todavia, não há argumentos para negligenciar os atos de estupro, sequestro, tortura, mortes e outros tantos crimes inaceitáveis de qualquer parte, em qualquer instância. Aos que cometeram tais absurdos a liberdade foi concedida. E as famílias das vítimas? Não há indenização que pague uma vida usurpada pelo autoritarismo. A mentalidade de grande parte dos políticos brasileiros persistem em manter inalterada a lógica da impunidade e da ignorância onde não há investimento qualitativo em políticas educacionais a longo prazo. Nosso voto é carta branca para quem nos representa?

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